quarta-feira, 19 de outubro de 2011

GRUPO DE ESTUDOS DE FILOSOFIA - PSICOLOGIA

Prezados,

Nesta quarta-feira começamos nossos estudos. Foi necessário fazer uma exposição breve sobre a Introdução do livro de Johannes Hessen (Teoria do Conhecimento) que estamos lendo.

Preciso que todos leiam o texto antes das reuniões.

Estamos nos reunindo de 18:00 às 18:40, todas as quartas-feiras, no décimo andar (precisaremos mudar a sala por causa da entrada de alunos). Talvez uma sala da biblioteca, mais intimista.

JOHANNES HESSEN - Teoria do Conhecimento (Download do livro: http://www.megaupload.com/?d=USIH4V1R)

Para a reunião de quarta-feira, dia 26/10, ler pelo menos a primeira parte do livro (Primeira parte - teoria geral do conhecimento - investigação fenomenológica preliminar).

Nosso objetivo é criar um grupo de excelência entre os graduandos do curso de psicologia do Pitágoras. Alunos de psicologia interessados em pesquisa e com domínio epistemológico e ontológico acerca do discurso científico da ciência da psicologia. Um desafio ! Grande otimismo !

Bons estudos a todos !

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

sábado, 4 de junho de 2011

PEQUENO TRATADO DAS GRANDES VIRTUDES - ÌNDICE ANALÍTICO

1  - A polidez
Polidez e moral; o canalha polido; o que se faz e o que se deve fazer (Kant); tornar-se virtuoso: a polidez como aparên­cia de virtude, de que as virtudes provêm; alcance e limites da polidez; que a polidez não é uma virtude moral, mas uma qualidade; que ela, ainda assim, é necessária ao homem vir­tuoso.
2  - A fidelidade
O devir como esquecimento, o espírito como memória e co­mo fidelidade; a fidelidade, virtude da memória; que ela não vale em absoluto ou por si mesma, mas em função de seus objetos; o dever de fidelidade; fidelidade e pensamento; fide­lidade e moral; fidelidade e amor.
3  - A prudência
A prudência, virtude cardeal; sua crítica pelos modernos; a prudência (phronésis, prudentia) nos antigos; atualidade da prudência; a prudência e o tempo: que ela leva em conta o futuro, mas só existe no presente; prudência e moral.
4  - A temperança
O prazer; a temperança como arte de desfrutar e como liber­dade; a temperança em Epicuro e em Montaigne; que a temperança não se reduz à higiene; dificuldade da temperança; a temperança como poder, isto é, como virtude.
5 - A coragem                                                                                             
Que a coragem é admirada em toda parte, mas que isso não prova nada; a ambigüidade da coragem: ela também pode servir para o pior; qual coragem é moralmente estimável e por quê; a coragem como traço de caráter e como virtude; a coragem, condição de toda virtude; coragem e verdade: que a coragem não é um saber mas uma decisão, não uma opi­nião mas um ato; coragem e razão: a coragem intelectual; a coragem e o tempo: que a coragem não diz respeito apenas ao futuro; a coragem do desespero; a coragem e a esperança; coragem e comedimento; limites da coragem: que o destino é o mais forte.
6  - A justiça                                                                                                 
Que a justiça é a única das quatro virtudes cardeais que tem valor absoluto; que ela não pode se reduzir à utilidade; a jus­tiça como igualdade e como legalidade (Aristóteles); a justiça como virtude: que ela não poderia se reduzir ao respeito da lei; o justo e a justiça; o princípio da justiça: a igualdade dos homens entre si; o critério da justiça: pôr-se no lugar do outro; a idéia de contrato social; a "posição original" de Rawls; a justiça e o eu; a justiça e o amor; justiça, natureza e sociedade; crítica de Hume: a justiça e a abundância, a justi­ça e a violência, a justiça e a fraqueza; justiça, doçura e com­paixão; a justiça, a força e as leis; a eqüidade; que o comba­te pela justiça não terá fim.
7  - A generosidade                                                                                    
A generosidade, virtude do dom; justiça, solidariedade e ge­nerosidade; o egoísmo: "que o coração do homem é oco e cheio de lixo" (Pascal); generosidade, magnanimidade e libe­ralidade; generosidade e liberdade: Descartes; a generosidade e o amor; generosidade e força de alma (Spinoza); a genero­sidade como desejo de amor: ser generoso é esforçar-se por amar e agir em conseqüência disso; moral da generosidade:
"Agir bem e manter-se em alegria" (Spinoza); a generosidade, sua origem e seus contrários; os diferentes nomes da genero­sidade.
8  - A compaixão                                                                                        
Que a compaixão não tem prestígio; simpatia e compaixão: a compaixão como simpatia na dor ou na tristeza; crítica da compaixão nos estóicos e em Spinoza; que a compaixão é melhor, no entanto, que seu contrário; commiseratio e mise­ricórdia em Spinoza: mais vale um amor entristecido do que um ódio alegre; compaixão e caridade; a compaixão em Schopenhauer e em Rousseau; compaixão e crueldade (Han- nah Arendt); compaixão e piedade; a compaixão como senti­mento e como virtude; o amor e a compaixão: Cristo e Buda.
9  - A misericórdia                                                                                    
A misericórdia, virtude do perdão; que o perdão não é esquecimento; misericórdia e compaixão: que são duas virtudes diferentes mas solidárias; a misericórdia e o amor; a miseri­córdia, virtude intelectual; misericórdia e liberdade; as duas maneiras de perdoar: o perdão como graça ou como verda­de; a misericórdia como vitória sobre o ódio; podemos per­doar tudo?; misericórdia e combate; misericórdia para todos e para nós mesmos.
10  - A gratidão                                                                                          
Que a gratidão é a mais agradável das virtudes, mas não a mais fácil; gratidão, generosidade e amor; gratidão e humil­dade; o ser como graça; a gratidão, alegria da memória: é o amor do que foi (Epicuro); gratidão e trabalho do luto; a gra­tidão como virtude: que ela exclui a complacência e a cor­rupção; gratidão e caridade; a gratidão como felicidade de
11 - A humildade                                                                                      
A humildade, virtude humilde; a humildade em Spinoza; que a humildade não é a baixeza; o valor da humildade: sua crítica em Kant e Nietzsche; humildade e verdade; humilda- de e caridade; a humildade, virtude religiosa: que ela pode, no entanto, conduzir ao ateísmo.
12  - A simplicidade                                                                                  
Simplicidade do real: seu contrário não é o complexo mas o duplo ou o falso; a simplicidade como virtude; simplicidade e bom senso; que a simplicidade não é a sinceridade (Fénelon); simplicidade e generosidade: a generosidade é o contrário do egoísmo, a simplicidade o contrário do narcisis­mo ou da pretensão; que toda virtude, sem a simplicidade, não teria o essencial; a simplicidade e o tempo: que ela é virtude do presente; a simplicidade e o eu; simplicidade, sabedoria e santidade.
13  - A tolerância                                                                                       
Podemos tolerar tudo?; que o problema da tolerância só se coloca nas questões de opinião; que uma tolerância univer­sal seria moralmente condenável e politicamente condena­da; o "paradoxo da tolerância" (K. Popper); a "casuística da tolerância" (V. Jankélévitch); o intolerável; o totalitarismo; to­lerância e amor à verdade; tolerância e liberdade; o proble­ma do dogmatismo prático: o exemplo de João Paulo II; valor e verdade; tolerância, respeito e amor; que a tolerân­cia é uma pequena virtude, mas necessária.
14  - A pureza                                                                                             
A pureza como evidência e como mistério; as meninas; que toda existência é impura; o puro e o sagrado; do bom uso da purificação; pureza, sexualidade, amor; o "puro amor" (Fénelon); pureza e desinteresse; o "amor casto" segundo Simone Weil: que é um amor que não se dirige para o futu­ro; pureza e trabalho do luto; pureza e transgressão: Eros, Pbilia e Agapé; o amor sem cobiça; a beatitude e os "apeti­tes sensuais" (Spinoza).
15  - A doçura                                                                                            
A doçura, virtude feminina; doçura, generosidade e pureza; o problema da passividade; doçura e caridade; a doçura nos antigos; o problema da nâo-violência; temos o direito de matar?; doçura e guerra; doçura e humanidade.
16  - A boa-fé                                                                                             
Boa-fé e verdade; a boa-fé como sinceridade transitiva e reflexiva; que a boa-fé não prova nada, mas é necessária em toda virtude; deve-se dizer tudo?; a boa-fé em Montaigne; o verídico segundo Aristóteles; toda mentira é condenável?; o rigorismo de Spinoza e de Kant; mentir de boa-fé?; deve-se dizer a verdade ao moribundo?; boa-fé e compaixão; não mentir a si mesmo; a má-fé em Sartre; o amor à verdade: a boa-fé e o espírito.
17  - O humor                                                                                            
Em que o humor é uma virtude; o humor e a seriedade; o riso de Demócrito segundo Montaigne; o humor e a ironia; o humor e a humildade; humor e sabedoria; que o humor tem algo de libertador e cie sublime (Freud); de novo sobre o humor e a ironia; o humor e o sentido; o humor, a ética e a religião (a propósito de Kierkegaard); o humor como desi­lusão alegre e como virtude.
18  - O amor                                                                                               
Que o amor não é um dever (Kant); amor, moral e polidez: que a moral é um simulacro de amor, assim como a polidez é um simulacro de moral; o amor ao amor; o alfa e ômega de nossas virtudes.
Eros                                                                                                   
O amor segundo Platão: do sonho da fusão (o discurso de Aristófanes, no Banquete) à experiência cla falta (o discurso de Sócrates); amor e solidão; o amor ávido; a paixão: que ela só pode durar na infelicidade; parto e criação; amor e transcendência; que Eros é um deus ciumento; sofrimento da paixão, tédio dos casais; a paixão e a morte; o fracasso.

Philia
Crítica do platonismo: que o amor não se reduz à falta; o prazer e a ação; o desejo como potência, o amor como ale­gria (Spinoza); outra definição do amor; amor e gratidão; a amizade segundo Aristóteles; que philia e erôs podem andar juntos; o marido e o príncipe encantado; os casais felizes; a paixão e a amizade; a família; amor de cobiça e amor de benevolência; a ascensão do amor e pelo amor; a mãe e o filho.

Agapé
Que nem erôs nem philia bastam; de novo sobre o amor e a moral; o amor dos pais; que o amor a si é primeiro; limi­tes da amizade; a caridade: "amar seus inimigos"; amor, cria­ção e descriação segundo Simone Weil: o amor como retira­da; que a caridade é o contrário da violência e da afirmação de si; a "agapé cristã" (A. Nygren e D. de Rougemont); erôs, philia e agapé; que resta da caridade se Deus não existe?; a philantropia entre os gregos, o amor em Spinoza, a descria­ção em Simone Weil; de um bom uso da pulsão de morte?; caridade, justiça e amor a si: a caridade como amor liberta­do do ego; a caridade como valor: o amor comanda, mesmo em sua ausência; as três virtudes teologais (a fé, a esperan­ça e a caridade): que apenas a caridade tem um sentido em Deus ou no ateísmo; que ela talvez só exista na medida em que nos falta.

As três maneiras de amar, ou as três gradações do amor: a falta, a alegria, a caridade; caridade, compaixão e amizade; as virtudes e o amor.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Antígona [tragédia grega]

Prezados, leiam esta tragédia para discutirmos o ethos na aula que vem (4a feira).
Envio também um estudo do professor Alexandre Reis.
Abs. a todos
Antígona: http://www.2shared.com/document/Pb1fGn-x/Antigona.html
Texto de apoio: http://www.megaupload.com/?d=8FINM892

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Apresentações Pequeno Tratado das Grandes Virtudes, de André-Comte Sponville

Prezados, a atividade PARCIAL 02 (em grupo) será a apresentação do livro: Prqueno Tratado das Grandes Virtudes, de André Comte-Sponville, no valor de 10 pontos:


Tema: Virtudes Morais (Pequeno Tratado das Grandes Virtudes, André-Comte Sponville).
LIVRO
: Pequeno Tratado das Grandes Virtudes - André Comte-Sponville - download: http://www.megaupload.com/?d=9K5F1173

Preciso que os ausentes à aula se manifestem buscando se integrar a algum gurpo (NO MÁXIMO 3 INTEGRANTES) o mais urgentemente possível. Não deixem o trabalho se acumular.

 REGRAS: cada grupo terá 15-20 minutos de apresentação.
Todos os integrantes do grupo devem expor (oralmente). Não será permitida a leitura durante a exposição (deve-se ter domínio oral do tema).

Sugestão para realização do trabalho:
1a etapa:
Leitura e compreensão do texto (anotar palavras desconhecidas e pesquisar significado) e ter uma idéia de TODO o capítulo.
2a etapa: Resumo do texto (Anotação das idéias principais em forma de prosa)
3a etapa: Fichar e ESQUEMATIZAR o texto.
4a. etapa: Confeccionar os slides com os tópicos do ESQUEMA redigido.
BUSCAR definir a virtude abordada, suas características principais, as comparações com outras virtudes, a problemática que o autor faz acerca da virtude.
Cada grupo deve entregar um resumo do capítulo que irá apresentar para ser avaliado como parte escrita e também os slides de power point (Slides) da apresentação. Em cada aula apresentarão de 4 a 6 grupos.
Os ausentes no dia da apresentação não terão nota no trabalho, ainda que tenham participado da parte escrita. Atrasos também serão penalizados.
Os grupos devem estar preparados para apresentarem qualquer dia, pois conforme avance ou retarde a apresentação, em cada aula pode variar o número de grupos a se apresentar.
Para regular bem o tempo, vai a dica metodológica: 7 páginas digitadas em espaço duplo, fonte times, tamanho 12, representam 15 minutos de exposição.


Não deixar trabalho acumular-se para última hora.
Abs. a todos e bons estudos.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Fenomenologia do ethos

Escritos de Filosofia II: Ética e Cultura
Henrique Cláudio de Lima Vaz

Capítulo Primeiro

FENOMENOLOGIA DO ETHOS


1. PRELIMINARES SEMÂNTICOS

Ler somente SEÇÃO 1: preliminares semânticos. http://www.megaupload.com/?d=P6OTPWPC

SLIDES:

quarta-feira, 30 de março de 2011

ATENÇÃO

Queridos alunos,

Estou observando duas coisas que têm me preocupado ultimamente:

1. Irregularidade na assiduidade (frequência) por parte de alguns alunos (isso pode trazer futuramente consequências danosas);
2. Perguntas fora de contexto que têm desviado o fio condutor da argumentação em cada aula.

Quanto ao primeiro ponto, cabe fazer uma auto-crítica a respeito. E lembrar que a infrequência prejudica irreversivelmente a compreensão do conteúdo de uma aula, pois a aula seguinte pressupõe as explicações da anterior. Isso é extremamente delicado e merece atenção.

Quanto ao segundo ponto, fica combinado entre todos que, a partir de agora, irão proceder da seguinte forma, por favor: Anotar suas questões (para não esquecer) e colocá-las no espaço de tempo reservado no final da aula somente para as dúvidas. Vamos combinar que na hora da aula expositiva serão imediatamente respondidas somente questões que têm diretamente a ver com o que está sendo exposto, ok?

Sempre estarei disponível, antes ou depois da aula, para debater e/ou esclarecer temas e questões que fogem do curso direto das explanações em nosso horário de aula.

E lembremos também que as perguntas que têm diretamente a ver com o tema exposto na aula ajudam inclusive aos demais colegas. Mas lembremos também que certas perguntas podem (poderiam) ser evitadas com uma breve leitura prévia do material didático e um estudo mais sistemático das aulas passadas. Isso é absolutamente indispensável para não se perguntar algo que acaba de ser esclarecido pelo professor. Evitar esse tipo de pergunta redundante é ganho de tempo e enriquecimento da aula expositiva.

Gostaria seriamente que meditassem e ponderassem estas questões.

Conto com a colaboração de todos e continuemos nosso excelente trabalho.

Abs.,
Frederico

sexta-feira, 11 de março de 2011

Divisão didática do texto de Johannes Hessen em 4 partes principais

PARTE 1 (DEFINIÇÕES INICIAIS)
Lâminas 1 a 5 dos slides
1. Hessen define valor e mostra que as definições 1 e 2, embora defendidas por alguns pensadores, são insuficientes porque não nos dizem acerca da essência do valor, mas apenas de seus efeitos.
  1. Definição 1: valor como vivência (psicologismo);
  2. Definição 2: Valor como qualidade dos objetos (naturalismo);
  3. Tanto em 1 quanto em 2 as definições dizem apenas que os valores produzem o efeito de criar ou emoção no sujeito (1) – aspecto passivo da vida dos valores - ou satisfazer suas necessidades vitais e espirituais (2) – aspecto ativo da vida dos valores = atribuir valor aos objetos. 
 
PARTE 2 (ESSÊNCIA DOS VALORES)
Lâminas 6 a 17 dos slides
2. Para chegar à essência (definição 3) dos valores, distingue “juízos de existência” de “juízos de valor” (o que demanda a distinção metafísica “ser e valor”). Lâminas 6 a 11 dos slides
  1. Juízos de existência versam sobre o “ser” dos objetos, e os de valor sobre seu “valer”;
  2. É evidente que se os valores fizessem parte da essência dos objetos, não seria possível distinguir juízos de valor e juízos de existência, o que é absurdo.
  3. As ciências axiológicas (disciplinas filosóficas – ética, estética e filosofia da religião) procuram saber se os valores são positivos ou negativos, julgam e apreciam seus objetos e investigam qual grau que os valores atingiram em sua realização. São intencionalmente valorativas.
3. Mostra que os valores dependem do sujeito humano (espírito humano), sujeito valorador, e que os valores não possuem ser independente do homem (Lâmina 12 dos slides)
  1. Os valores dependem do homem como ser social (não entender aqui o indivíduo isolado, que é uma ficção)
4. Classifica os valores como objetos ideias e mostra que na sua definição essencial os valores possuem SER, mas não existência; (Lâminas 13 a 15 e 17)
  1. Exemplo de objetos ideias: Objetos lógicos e matemáticos. Pense nos conceitos de figuras geométricas. Conceito de círculo (altamente objetivo, não individual, possui ser, mas não existência)
PARTE 3 (VALOR E REALIDADE) (Realização dos valores)
Lâminas 20 a 23 dos slides
5. Agora mostra que os valores assim definidos podem ganhar existência através da ação humana; (Lâminas 20 a 22)
  1. A realização dos valores é, como o nome diz, torná-los realidade, fazê-los ganhar existência: O quadro belo pintado pelo artista, a justiça realizada pelo agente moral, a santidade praticada pelo religioso etc..
6. Enfatiza que os valores são criados pelo espírito humano (atendem a necessidades humanas) e não são propriedade inerentes à natureza, aos objetos; (Lâmina 23)
  1. Embora só ganhem realidade ou existência através do ser, o valor não é uma propriedade intrínseca ao ser, mas um ato humano.
  2. O brilho, a durabilidade e ductibilidade da prata são atributos existenciais deste metal, embora possam tornar-se valor quando usados nas moedas cunhadas, na prataria (utensílios de mesa), nas jóias. Mas isso, mais uma vez dito, depende do uso que dele faz o homem. Prataria, jóias e moedas são objetos sociais.
  3. Entender os valores como propriedade inerentes ao ser pode levar a absurdos que o pensamento contemporâneo rejeita, tais como: Pensar que o ser existe para realizar os fins: Beleza e Bondade. Mas isso é confundir valor e ser, o que contemporaneamente não se faz. 
PARTE 4 (ARGUMENTOS SOBRE A DIFERENÇA SER E VALOR)
Lâminas 24 a 27 dos slides
7. Conclui com 3 argumentos que reforçam a diferença entre existência e valor.
  1. Argumento 1: Os valores são imutáveis e permanentes, os objetos não.
  2. Argumento 2: Os valores possuem polaridade, o ser não. (valor e desvalor = o desvalor não destrói os valores, não os eliminam)
  3. Argumento 3: Os valores possuem estrutura hierárquica, admitem graus, o ser não admite. (graus da pureza, da justiça etc..)

sábado, 5 de março de 2011

Roteiro de leitura do Texto de Johannes Hessen, Filosofia dos Valores (Aula de 6a feira)

Páginas 37 a 66

1.      Hessen define valor e mostra que as definições 1 e 2, embora defendidas por alguns pensadores, são insuficientes porque não nos dizem acerca da essência do valor, mas apenas de seus efeitos.

Definição 1: valor como vivência (psicologismo);

Definição 2: Valor como qualidade dos objetos (naturalismo);

Tanto em 1 quanto em 2 as definições dizem apenas que os valores produzem o efeito de criar ou emoção no sujeito (1) ou satisfazer suas necessidades vitais e espirituais (2).

2.      Para chegar à essência (definição 3) dos valores, distingue “juízos de existência” de “juízos de valor” (o que demanda a distinção metafísica “ser e valor”).

Juízos de existência versam sobre o “ser” dos objetos, e os de valor sobre seu “valer”;

É evidente que se os valores fizessem parte da essência dos objetos, não seria possível distinguir juízos de valor e juízos de existência, o que é absurdo.

As ciências axiológicas (disciplinas filosóficas – ética, estética e filosofia da religião) procuram saber se os valores são positivos ou negativos, julgam e apreciam seus objetos e investigam qual grau que os valores atingiram em sua realização. São intencionalmente valorativas.

3.      Mostra que os valores dependem do sujeito humano (espírito humano) - sujeito valorador - e que os valores não possuem ser independente do homem;

Os valores dependem do homem como ser social (não entender aqui o indivíduo isolado, que é uma ficção)

4.      Classifica os valores como objetos ideias e mostra que na sua definição essencial os valores possuem SER, mas não existência;

Exemplo de objetos ideias: Objetos lógicos e matemáticos. Pense nos conceitos de figuras geométricas. Conceito de círculo (altamente objetivo, não individual, possui ser, mas não existência)

5.      Agora mostra que os valores assim definidos podem ganhar existência através da ação humana;

A realização dos valores é, como o nome diz, torná-los realidade, fazê-los ganhar existência: O quadro belo pintado pelo artista, a justiça realizada pelo agente moral, a santidade praticada pelo religioso etc..

6.      Enfatiza que os valores são criados pelo espírito humano (atendem a necessidades humanas) e não são propriedades inerentes à natureza, aos objetos;

Embora só ganhem realidade ou existência através do ser, o valor não é uma propriedade intrínseca ao ser, mas um ato humano.

O brilho, a durabilidade e ductibilidade da prata são atributos existenciais deste metal, embora possam tornar-se valor quando usados nas moedas cunhadas, na prataria (utensílios de mesa), nas jóias. Mas isso, mais uma vez dito, depende do uso que dele faz o homem. Prataria, jóias e moedas são objetos sociais.

Entender os valores como propriedade inerentes ao ser pode levar a absurdos que o pensamento contemporâneo rejeita, tais como: Pensar que o ser existe para realizar os fins: Beleza e Bondade. Mas isso é confundir valor e ser, o que contemporaneamente não se faz.

  1. Conclui com 3 argumentos que reforçam a diferença entre existência e valor.
 Argumento 1: Os valores são imutáveis e permanentes, os objetos não.
Argumento 2: Os valores possuem polaridade, o ser não.
Argumento 3: Os valores possuem estrutura hierárquica, admitem graus, o ser não admite.

Para a aula 2 - Observações didáticas

Questões de vocabulário - ONTOLOGIA 
(Parte da Filosofia que se ocupa das categorias do SER em geral)
Οντος (Ontos) = em grego “sendo” (o que é, o SER)
Para nossos propósitos, tomemos como sinônimo de metafísica
No século XVII, o filósofo alemão Jacobus Thomasius considerou que a palavra correta para designar os estudos da metafísica ou Filosofia Primeira seria a palavra ontologia.
A palavra ontologia é composta de duas outras: onto e logia. Onto deriva-se de dois substantivos gregos, ta onta (os bens e as coisas realmente possuídas por alguém) e ta eonta (as coisas realmente existentes). Essas duas palavras, por sua vez, derivam-se do verbo ser, que, em grego, se diz einai. O particípio presente desse verbo se diz on (sendo, ente) e ontos (sendo, entes). Dessa maneira, as palavras onta e eonta (as coisas) e on (ente) levaram a um substantivo: to on, que significa o Ser. O Ser é o que é realmente e se opõe ao que parece ser, à aparência. Assim, ontologia significa: estudo ou conhecimento do Ser, dos entes ou das coisas tais como são em si mesmas, real e verdadeiramente. 
Questões de vocabulário - AXIOLOGIA 
(Parte da Filosofia que se ocupa de estudar os valores)
Αξιος (áxios) = valor
Daí... axiologia = teoria do valor (Filosofia dos Valores)
Como classificamos os valores sobretudo como sendo de 3 espécies: Éticos, estéticos e religiosos (valores relativos à ação humana), então dividimos as disciplinas axiológicas em 3 grandes disciplinas.
1.Ética (pergunta-se: O que é a moralidade?)
2.Estética (pergunta-se: O que é a arte?)
3.Filosofia da Religião (pergunta-se: O que é religião?) 
 ___________________________
Pequenas considerações sobre Ontologia 
(Marilena Chauí - Convite à Filosofia, Unidade 6, cap 1)

Metafísica ou ontologia
A palavra metafísica foi empregada pela primeira vez por Andrônico de Rodes, por volta do ano 50 a.C., quando recolheu e classificou as obras de Aristóteles que, durante muitos séculos, haviam ficado dispersas e perdidas. Com essa palavra – ta meta ta physika -, o organizador dos textos aristotélicos indicava um conjunto de escritos que, em sua classificação, localizavam-se após os tratados sobre a física ou sobre a Natureza, pois a palavra grega meta quer dizer: depois de, após, acima de.
Ta: aqueles; meta: após, depois; ta physika: aqueles da física. Assim, a expressão ta meta ta physika significa literalmente: aqueles [escritos] que estão [catalogados] após os [escritos] da física. Ora, tais escritos haviam recebido uma designação por parte do próprio Aristóteles, quando este definira o assunto de que tratavam: são os escritos da Filosofia Primeira, cujo tema é o estudo do “ser enquanto ser”. Desse modo, o que Aristóteles chamou de Filosofia Primeira passou a ser designado como metafísica.
No século XVII, o filósofo alemão Jacobus Thomasius considerou que a palavra correta para designar os estudos da metafísica ou Filosofia Primeira seria a palavra ontologia.
A palavra ontologia é composta de duas outras: onto e logia. Onto deriva-se de dois substantivos gregos, ta onta (os bens e as coisas realmente possuídas por alguém) e ta eonta (as coisas realmente existentes). Essas duas palavras, por sua vez, derivam-se do verbo ser, que, em grego, se diz einai. O particípio presente desse verbo se diz on (sendo, ente) e ontos (sendo, entes). Dessa maneira, as palavras onta e eonta (as coisas) e on (ente) levaram a um substantivo: to on, que significa o Ser. O Ser é o que é realmente e se opõe ao que parece ser, à aparência. Assim, ontologia significa: estudo ou conhecimento do Ser, dos entes ou das coisas tais como são em si mesmas, real e verdadeiramente.
Por que Thomasius julgou a palavra ontologia mais adequada do que a palavra metafísica? Para responder a essa pergunta devemos retornar ao que escreveu Aristóteles, quando propôs a Filosofia Primeira.
Ao definir a Filosofia Primeira, Aristóteles afirmou que ela estuda o ser das coisas, a ousia. A palavra ousia é o feminino do particípio presente do verbo ser, isto é, do verbo einai. Em português, ousia é traduzido por essência, porque é traduzida da palavra latina essentia.
Em latim o verbo ser se diz esse e a palavra essentia foi inventada pelos filósofos para traduzir ousia. Assim, a Filosofia Primeira é o estudo ou o conhecimento da essência das coisas ou do ser real e verdadeiro das coisas, daquilo que elas são em si mesmas, apesar das aparências que possam ter e das mudanças que possam sofrer.
Thomasius considerou que Aristóteles definira a Filosofia Primeira como o estudo do ser das coisas, como o que há de íntimo, perene e verdadeiro nos entes. Não estuda esta ou aquela coisa, este ou aquele ente, mas busca aquilo que faz de um ente ou de uma coisa, um ser. Busca a essência de um ente ou de uma coisa. Por isso, por ser o estudo da ousia e porque a ousia oferece o ser real e verdadeiro de um ente, oferece o on íntimo e perene, a Filosofia Primeira deveria ser designada com a palavra ontologia. Nesse caso, a palavra metafísica seria apenas a indicação do lugar ocupado nas estantes pelos livros aristotélicos de Filosofia Primeira, localizados depois dos tratados sobre a física ou a Natureza.
A palavra ontologia diria qual é o assunto da Filosofia Primeira, enquanto a palavra metafísica diria apenas qual é o lugar dos livros da Filosofia Primeira no catálogo das obras de Aristóteles.
Por que, então, a tradição filosófica consagrou a palavra metafísica, em lugar de ontologia? Porque Aristóteles, ao definir a Filosofia Primeira, também afirmou que ela estuda os primeiros princípios e as causas primeiras de todos os seres ou de todas as essências, estudo que deve vir antes de todos os outros, porque é a condição de todos eles.
Que quer dizer “vir antes”? Para Aristóteles, significa estar acima dos demais, estar além do que vem depois, ser superior ao que vem depois, ser a condição da existência e do conhecimento do que vem depois. Ora, a palavra meta quer dizer isso mesmo: o que está além de, o que está acima de, o que vem depois, mas no sentido de ser superior ou de ser a condição de alguma coisa. Se assim é, então a palavra metafísica não quer dizer apenas o lugar onde se encontram os escritos posteriores aos tratados de física, não indica um mero lugar num catálogo de obras, mas significa o estudo de alguma coisa que está acima e além das coisas físicas ou naturais e que é a condição da existência e do conhecimento delas.
Por isso, a tradição consagrou a palavra metafísica, mais do que a palavra ontologia. Metafísica, nesse caso, quer dizer: aquilo que é condição e fundamento de tudo o que existe e de tudo o que puder ser conhecido.
Até aqui respondemos à pergunta: Por que metafísica em lugar de ontologia? Mas ainda não respondemos à pergunta principal: Por que a metafísica ou ontologia ocupou o lugar que, no início da Filosofia, era ocupado pela cosmologia ou física? Para isso, precisamos acompanhar os motivos que levaram a uma crise da cosmologia e ao surgimento da ontologia, que receberia o nome de metafísica.
 
 

quinta-feira, 3 de março de 2011

Ser, existência e essência

O ser possui pelo menos duas dimensões ou aspectos: Essência e existência.

Essência pode significar: 1. Fundamento do ser. O que forma o principal fundamento do ser por oposição às modificações acidentais ou superficiais (temporais). 2. Sentido ou significado do ser. Por diferença em relação à existência, é que concerne à natureza de um ser, por oposição ao fato de ser. É o conjunto de determinações (propriedades) que definem um objeto de pensamento. É o aspecto lógico, racional do objeto e assim se diferencia da existência.

Existência pode significar: 1. Realidade (fato de ser). O fato de ser em todos os sentidos em que se emprega a palavra. Neste sentido, se diferencia de essência, pois se refere ao fato (à realização) do ser. A existência é um aspecto distinguível da essência porque se pode pensar o ser pura e simplesmente sem a realidade (sem o fato de ser). 2. Ato de ser. O ser pertence a todas as coisas possíveis e concebíveis (números, quimeras, deuses mitológicos etc.), enquanto a existência, ao contrário, é uma propriedade de certas classes de indivíduos.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Aula 2 - Filosofia dos Valores (Metafísica e Valores; Ser e Valor)

Prezados,

Comecem a leitura para a aula 2 com este texto de Adolfo Sánchez Vászquez (mais acessível). Download aqui: http://www.megaupload.com/?d=WZKRO0DP

Depois, leiam as páginas 37 a 66, por favor deste texto de Johannes Hessen. (Texto integral: http://www.megaupload.com/?d=YQKB7RXT )

Não se preocupem ou se angustiem se nas primeiras leituras não conseguirem acessar claramente as idéias. Vamos digerindo aos poucos. Tenho certeza de que nos será precioso. Comecemos !

Bons estudos.

Sursum Coda !

Queridos alunos,

Muito obrigado pelas manifestações espontâneas de carinho e respeito. A doçura é uma grande virtude moral, simplesmente é comparável ao Amor (André Comte-Sponville) ! E como é doce e, portanto, virtuosa essa gente ! Santo Deus ! O que a turma tem me despertado deixo, de coração (sem querer ser piegas mas também sem termer os afetos) nas palavras de André Comte-Sponville a respeito da doçura (Pequeno Tratado das Grandes Virtudes): 

"A doçura é antes de tudo uma paz, real ou desejada: é o contrário da guerra, da crueldade, da brutalidade, da agressividade, da violência… Paz interior, e a única que é uma virtude. Muitas vezes permeada de angústia e de sofrimento (Schubert), às vezes iluminada de alegria e de gratidão (Etty Hillesum), mas sempre desprovida de ódio, de dureza, de insensibilidade… “Aguerrir-se e endurecer-se são duas coisas diferentes”, notava Etty Hillesum em 1942. A doçura é o que as distingue. É amor em estado de paz, mesmo na guerra, tanto mais forte quanto é aguerrido, e tanto mais doce. A agressividade é uma fraqueza, a cólera é uma fraqueza, a própria violência, quando já não é dominada, é uma fraqueza. E o que pode dominar a violência, a cólera, a agressividade, senão a doçura? A doçura é uma força, por isso é uma virtude: é força em estado de paz, força tranqüila e doce, cheia de paciência e de mansuetude. Veja-se a mãe com seu filho (“a doçura é toda sua fé”). Veja-se Cristo ou Buda, com todos. A doçura é o que mais se parece com o amor, sim, mais ainda que a generosidade, mais ainda que a compaixão. Aliás, ela não se confunde nem com uma nem com outra, embora na maioria das vezes as acompanhe. A compaixão sofre com o sofrimento do outro; a doçura se recusa a produzi-lo ou a aumentá-lo. A generosidade quer fazer bem ao outro; a doçura se recusa a lhe fazer mal. Isso parece ser favorável à generosidade, e talvez o seja. Quantas generosidades importunas, porém, quantas boas ações invasoras, esmagadoras, brutais, que um pouco de doçura teria tornado mais leves e mais amáveis? Sem contar que a doçura torna generoso, pois é fazer mal ao outro não lhe fazer o bem que ele pede ou que poderíamos fazer. E que ela vai além da compaixão, pois a antecipa, pois não precisa dessa dor da dor… Mais negativa talvez do que a afirmativa generosidade, porém mais positiva também do que a compaixão totalmente reativa, a doçura mantém-se entre as duas, sem nada que pese ou ostente, sem nada que force ou que agrida. Eu citava, a propósito da pureza, a notável fórmula de Pavese, em seu Diário: “Você será amado no dia em que puder mostrar sua fraqueza, sem que o outro se sirva dela para afirmar sua força.” Era querer ser amado puramente, dizia eu; era querer também ser amado com doçura, isto é, ser amado. Doçura e pureza andam juntas, quase sempre, pois a violência é o mal primeiro, a obscenidade primeira, pois o mal faz mal, pois o egoísmo, corrompe tudo, é ávido, indelicado, brutal… Que delicadeza, ao contrário, que doçura, que pureza, na carícia da amante! Toda a violência do homem vem morrer aí, toda a brutalidade do homem, toda a obscenidade do homem… “Minha doçura”, diz ele, e é uma palavra de amor, a mais verdadeira talvez, e a mais doce…

...
"O sábio, dizia Spinoza, age “com humanidade e doçura” (humaniter et benigne). Essa doçura é a benignidade de Montaigne, que devemos até aos animais, dizia ele, ou mesmo às árvores e às plantas. É a recusa a fazer sofrer, a destruir (quando não é indispensável), a devastar. É respeito, proteção, benevolência. Ainda não é caridade, que ama seu próximo como a si mesma, o que suporia, como já vira Rousseau, que adotássemos esta “máxima sublime”: “Faz ao outro o que queres que ele te faça.” A doçura não visa tão alto assim. É uma espécie de bondade natural ou espontânea, cuja máxima, “bem menos perfeita, porém mais útil talvez do que a precedente”, seria antes a seguinte: “Faz teu bem com o menor mal possível ao outro.” Essa máxima da doçura, menos elevada sem dúvida do que a da caridade, menos exigente, menos exaltante, é também mais acessível, por isso mais útil de fato, e mais necessária. Podemos viver sem caridade, toda a história da humanidade o prova. Mas sem um mínimo de doçura, não.
...

"No nível mais modesto, a doçura designa a gentileza das maneiras, a benevolência que atestamos para com outrem. Mas ela pode intervir num contexto muito mais nobre. Manifestando-se em relação aos infortunados, ela torna-se próxima da generosidade ou da bondade; em relação aos culpados, torna-se indulgência e compreensão; em relação aos desconhecidos, os homens em geral, torna-se humanidade e quase caridade. Na vida política, do mesmo modo, ela pode ser tolerância, ou ainda clemência, conforme se trate das relações com cidadãos, com súditos ou com vencidos. Na origem desses diversos valores está, porém, uma mesma disposição a acolher o outro como alguém a quem queremos bem – pelo menos em toda a medida em que podemos fazê-lo sem faltar com algum outro dever. E o fato é que os gregos tiveram o sentimento dessa unidade, pois todos esses valores tão diversos podem, ocasionalmente, ser designados pela palavra praos. [J. de Romilly]
Aristóteles fará dela uma virtude integral, que será o meio-termo, na cólera, entre estes dois defeitos que são a irascibilidade e a frouxidão: o homem doce ocupa o meio entre “o homem colérico, difícil e selvagem” e o homem “servil e tolo”, à força de impassibilidade ou de placidez excessiva. Pois há cóleras justas e necessárias, assim como há guerras e violências justificadas: a doçura é que delas decide e dispõe. Aristóteles sente-se embaraçado, porém, pois vê que sua virtude de praotés “inclina-se perigosamente no sentido da falta”. Se o homem doce é aquele “que está colérico com as coisas com que cumpre estar e contra as pessoas que o merecem, e que ademais o está da maneira que convém, no momento e por tanto tempo quanto o devido”, e não mais freqüentemente, por mais tempo nem em excesso, isso não resolve a questão dos critérios nem dos limites. O doce só é assim chamado porque o é mais que seus concidadãos, e quem sabe então aonde ele vai se deter? Quem vai julgar do objeto, do alcance e da duração legítimas de uma cólera? A doçura pode se opor aqui, e de fato se oporá, à magnanimidade, assim como a altivez grega à humildade judaico-cristã: “Suportar ser achincalhado ou deixar com indiferença insultarem seus amigos é coisa de uma alma vil”, escreve Aristóteles. O mestre de Alexandre, tanto quanto seu aluno, não era dado a oferecer a outra face… Há um extremismo da doçura, que pode ser julgado desprezível ou sublime, de acordo com o ponto de vista adotado, e como que uma tentação evangélica. Covarde? Não, pois a doçura só é doçura se nada deve ao medo. Simplesmente é necessário escolher aqui entre duas lógicas, a da honra e a da caridade, e ninguém ignora para que lado pende a doçura…

...
"Felizes os doces? Eles não pedem tanto assim. Mas só eles, não fosse a misericórdia, poderiam sê-lo inocentemente.
Para os demais a doçura vem limitar a violência, tanto quanto possível, ao mínimo necessário ou aceitável." (André Comte-Sponville, Pequeno Tratado das Grandes Virtudes).

Abs. a todos!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Aula de 16 de Fevereiro

Prezados alunos,

Senti muitas dificuldades por parte de alguns alunos hoje em acompanhar o ritmo de uma aula expositiva teórica, como é o caso da Filosofia. Gostei muito da nossa aula 1. Achei bem positiva e vocês estavam muito concentrados.

Ficamos hoje apenas nos tópicos 1, 4 e 7 e o 6 (ligeiramente) do plano de aula que tracei para o dia 16 (ver post anterior neste blog, tópicos 1 a 9). Preciso ainda cumprir os outros tópicos e ler o restante dos trechos iniciados na aula 1.  Fiz questão de voltar a muitos pontos básicos da matéria também para favorecer os novatos.

Hoje fiquei contente em saber de um aluno que pesquisou na internet, por conta própria, o conceito de metafísica e achou lá a descrição cartesiana da disciplina: A metafísica é a raiz do conhecimento e os galhos (ramificações) sustentados por esta raiz com vigoroso caule são as disciplinas científicas particulares. Éssa imagem é pertinente ao conteúdo da aula 1.
Sugiro que estudem fazendo resumos e fichamentos do material disponibilizado (os slides de power point ajudam bastante), conversem com os colegas que estão dominando bem o conteúdo para trocar ídéias (experiência frutífera para ambos os lados), perguntem-me sempre que necessário sobre qualque tópico da matéria. Nenhuma dúvida pode passar desapercebida. Este blog pode ser um canal para vocês colocarem a mim perguntas anonimamente, caso queiram. Responderei a todas na medida do possível, sem qualquer preocupação em identificar o autor das questões.

O mais importante é que a aula seja significativa para vocês, que faça sentido. Do contrário, não vejo relevância nos nossos estudos.

Definir os termos, procurar em dicionários ou na internet os conceitos (definições filosóficas), nomes de autores, correntes de pensamento etc desconhecidos. Buscar fontes de pesquisas, enfim, buscar este conhecimento que falta. Isso é importante para você desenvolver a habilidade de estudo autônomo, significativo e participante. Esse é o ambiente propriamente acadêmico e a postura própria do 3o grau.

Bons estudos a todos e me perdoem pelas digressões de hoje, pois tive que me esforçar bastante por causa da otite.

Att.,
Frederico Rocha

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Modificações no Planejamento de Curso

Prezados, fiz algumas alterações no Planejamento de Curso visando maior aproveitamento de conteúdo (download aqui: http://www.megaupload.com/?d=07SQ63RH )

Para a aula que vem (16 de Fevereiro)

  1. Rememorar os passos da aula anterior;
  2. Terminar a leitura do trecho da Metafísica de Aristóteles;
  3. Ler o Prefácio do livro Metafísica de uma página de Peter van Inwagen.
  4. Procurar diferenciar as explicações causais das ciências da explicações causais da filosofia e aprofundar esta questão mostrando a oposição entre fragmentação e holismo;
  5. Verificar, conforme posto nos slides, que o central do texto de Savater está na parte 2 (ter cuidado com a parte 3, pois ela não é tão essencial). Ver slides da aula 1.
  6. Por que o conceito de SER é o limite que impede que as perguntas causais progridam ao infinito (ad infinitum), como vimos na aula 1? Voltar a isso.
  7. Tanto a filosofia quanto a ciência estudam o real, mas como cada uma o faz?
  8. Verificar se os objetivos de aula foram realmente cumpridos ou se resta dúvidas após conclusão da aula 1 (A. Diferenciar filosofia de ciência e defini-las minimamente; B. Apontar o papel ou função da filosofia como metafísica no mundo atual; C) Compreender a definição de Filosofia como metafísica);
  9. Fazer um questionário de revisão de toda a exposição anterior.
Você compreendeu as formulações abaixo?
"A filosofia ganha da ciência em extensão, mas perde em precisão;
a ciência ganha da filosofia em precisão e perde em extensão"
"A filosofia sem a ciência é vazia e a ciência sem a filosofia é cega"
 
  Por favor, deixe seu comentário crítico à aula 1 de filosofia e ética nesta seção do blog. Seria muito produtivo saber acerca da repercussão da aula, das impressões de vocês, das dificuldades iniciais, das sugestões, das lacunas da aula, da metodologia, das dúvidas etc.. Para garantir a privacidade, os comentários podem ser postados anonimamente. Tanto os desfavoráveis quanto os favoráveis. Procure argumentar tentando fundamentar seu ponto-de-vista. Isso me faz aprender também. Obrigado! Prof. Frederico

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

MATERIAL DA AULA 1 - Filosofia e ética (psicologia)

Texto 1 - Fernando Savater. As Perguntas da Vida [Introdução]
download aqui: http://www.megaupload.com/?d=RWPNRAZK

Slides da aula 1 - Filosofia x Ciência. Função da Filosofia. Filosofia como Metafísica.
download aqui: http://www.megaupload.com/?d=MGM42NCJ

Texto de apoio (de apenas 01 página) - Trecho de Metafísica de Aristóteles (levar impresso para a próxima aula)
download aqui: http://www.megaupload.com/?d=LHCGWYX5

Trecho de Van Inwagen - Prefácio do livro Metafísica (01 página) (levar impresso para a próxima aula) download aqui: http://www.megaupload.com/?d=WDGGPIW9

Planejamento de curso Filosofia e ética.
(ver post posterior)

Questionário da aula 1 - para reconhecimento do perfil da turma http://www.megaupload.com/?d=E2IGNHJ4

Por favor, deixe seu comentário crítico à aula 1 de filosofia e ética nesta seção do blog. Seria muito produtivo saber acerca da repercussão da aula, das impressões de vocês, das dificuldades iniciais, das sugestões, das lacunas da aula, da metodologia, das dúvidas etc.. Para garantir a privacidade, os comentários podem ser postados anonimamente. Tanto os desfavoráveis quanto os favoráveis. Procure argumentar tentando fundamentar seu ponto-de-vista. Isso me faz aprender também. Obrigado! Prof. Frederico