quarta-feira, 30 de março de 2011

ATENÇÃO

Queridos alunos,

Estou observando duas coisas que têm me preocupado ultimamente:

1. Irregularidade na assiduidade (frequência) por parte de alguns alunos (isso pode trazer futuramente consequências danosas);
2. Perguntas fora de contexto que têm desviado o fio condutor da argumentação em cada aula.

Quanto ao primeiro ponto, cabe fazer uma auto-crítica a respeito. E lembrar que a infrequência prejudica irreversivelmente a compreensão do conteúdo de uma aula, pois a aula seguinte pressupõe as explicações da anterior. Isso é extremamente delicado e merece atenção.

Quanto ao segundo ponto, fica combinado entre todos que, a partir de agora, irão proceder da seguinte forma, por favor: Anotar suas questões (para não esquecer) e colocá-las no espaço de tempo reservado no final da aula somente para as dúvidas. Vamos combinar que na hora da aula expositiva serão imediatamente respondidas somente questões que têm diretamente a ver com o que está sendo exposto, ok?

Sempre estarei disponível, antes ou depois da aula, para debater e/ou esclarecer temas e questões que fogem do curso direto das explanações em nosso horário de aula.

E lembremos também que as perguntas que têm diretamente a ver com o tema exposto na aula ajudam inclusive aos demais colegas. Mas lembremos também que certas perguntas podem (poderiam) ser evitadas com uma breve leitura prévia do material didático e um estudo mais sistemático das aulas passadas. Isso é absolutamente indispensável para não se perguntar algo que acaba de ser esclarecido pelo professor. Evitar esse tipo de pergunta redundante é ganho de tempo e enriquecimento da aula expositiva.

Gostaria seriamente que meditassem e ponderassem estas questões.

Conto com a colaboração de todos e continuemos nosso excelente trabalho.

Abs.,
Frederico

sexta-feira, 11 de março de 2011

Divisão didática do texto de Johannes Hessen em 4 partes principais

PARTE 1 (DEFINIÇÕES INICIAIS)
Lâminas 1 a 5 dos slides
1. Hessen define valor e mostra que as definições 1 e 2, embora defendidas por alguns pensadores, são insuficientes porque não nos dizem acerca da essência do valor, mas apenas de seus efeitos.
  1. Definição 1: valor como vivência (psicologismo);
  2. Definição 2: Valor como qualidade dos objetos (naturalismo);
  3. Tanto em 1 quanto em 2 as definições dizem apenas que os valores produzem o efeito de criar ou emoção no sujeito (1) – aspecto passivo da vida dos valores - ou satisfazer suas necessidades vitais e espirituais (2) – aspecto ativo da vida dos valores = atribuir valor aos objetos. 
 
PARTE 2 (ESSÊNCIA DOS VALORES)
Lâminas 6 a 17 dos slides
2. Para chegar à essência (definição 3) dos valores, distingue “juízos de existência” de “juízos de valor” (o que demanda a distinção metafísica “ser e valor”). Lâminas 6 a 11 dos slides
  1. Juízos de existência versam sobre o “ser” dos objetos, e os de valor sobre seu “valer”;
  2. É evidente que se os valores fizessem parte da essência dos objetos, não seria possível distinguir juízos de valor e juízos de existência, o que é absurdo.
  3. As ciências axiológicas (disciplinas filosóficas – ética, estética e filosofia da religião) procuram saber se os valores são positivos ou negativos, julgam e apreciam seus objetos e investigam qual grau que os valores atingiram em sua realização. São intencionalmente valorativas.
3. Mostra que os valores dependem do sujeito humano (espírito humano), sujeito valorador, e que os valores não possuem ser independente do homem (Lâmina 12 dos slides)
  1. Os valores dependem do homem como ser social (não entender aqui o indivíduo isolado, que é uma ficção)
4. Classifica os valores como objetos ideias e mostra que na sua definição essencial os valores possuem SER, mas não existência; (Lâminas 13 a 15 e 17)
  1. Exemplo de objetos ideias: Objetos lógicos e matemáticos. Pense nos conceitos de figuras geométricas. Conceito de círculo (altamente objetivo, não individual, possui ser, mas não existência)
PARTE 3 (VALOR E REALIDADE) (Realização dos valores)
Lâminas 20 a 23 dos slides
5. Agora mostra que os valores assim definidos podem ganhar existência através da ação humana; (Lâminas 20 a 22)
  1. A realização dos valores é, como o nome diz, torná-los realidade, fazê-los ganhar existência: O quadro belo pintado pelo artista, a justiça realizada pelo agente moral, a santidade praticada pelo religioso etc..
6. Enfatiza que os valores são criados pelo espírito humano (atendem a necessidades humanas) e não são propriedade inerentes à natureza, aos objetos; (Lâmina 23)
  1. Embora só ganhem realidade ou existência através do ser, o valor não é uma propriedade intrínseca ao ser, mas um ato humano.
  2. O brilho, a durabilidade e ductibilidade da prata são atributos existenciais deste metal, embora possam tornar-se valor quando usados nas moedas cunhadas, na prataria (utensílios de mesa), nas jóias. Mas isso, mais uma vez dito, depende do uso que dele faz o homem. Prataria, jóias e moedas são objetos sociais.
  3. Entender os valores como propriedade inerentes ao ser pode levar a absurdos que o pensamento contemporâneo rejeita, tais como: Pensar que o ser existe para realizar os fins: Beleza e Bondade. Mas isso é confundir valor e ser, o que contemporaneamente não se faz. 
PARTE 4 (ARGUMENTOS SOBRE A DIFERENÇA SER E VALOR)
Lâminas 24 a 27 dos slides
7. Conclui com 3 argumentos que reforçam a diferença entre existência e valor.
  1. Argumento 1: Os valores são imutáveis e permanentes, os objetos não.
  2. Argumento 2: Os valores possuem polaridade, o ser não. (valor e desvalor = o desvalor não destrói os valores, não os eliminam)
  3. Argumento 3: Os valores possuem estrutura hierárquica, admitem graus, o ser não admite. (graus da pureza, da justiça etc..)

sábado, 5 de março de 2011

Roteiro de leitura do Texto de Johannes Hessen, Filosofia dos Valores (Aula de 6a feira)

Páginas 37 a 66

1.      Hessen define valor e mostra que as definições 1 e 2, embora defendidas por alguns pensadores, são insuficientes porque não nos dizem acerca da essência do valor, mas apenas de seus efeitos.

Definição 1: valor como vivência (psicologismo);

Definição 2: Valor como qualidade dos objetos (naturalismo);

Tanto em 1 quanto em 2 as definições dizem apenas que os valores produzem o efeito de criar ou emoção no sujeito (1) ou satisfazer suas necessidades vitais e espirituais (2).

2.      Para chegar à essência (definição 3) dos valores, distingue “juízos de existência” de “juízos de valor” (o que demanda a distinção metafísica “ser e valor”).

Juízos de existência versam sobre o “ser” dos objetos, e os de valor sobre seu “valer”;

É evidente que se os valores fizessem parte da essência dos objetos, não seria possível distinguir juízos de valor e juízos de existência, o que é absurdo.

As ciências axiológicas (disciplinas filosóficas – ética, estética e filosofia da religião) procuram saber se os valores são positivos ou negativos, julgam e apreciam seus objetos e investigam qual grau que os valores atingiram em sua realização. São intencionalmente valorativas.

3.      Mostra que os valores dependem do sujeito humano (espírito humano) - sujeito valorador - e que os valores não possuem ser independente do homem;

Os valores dependem do homem como ser social (não entender aqui o indivíduo isolado, que é uma ficção)

4.      Classifica os valores como objetos ideias e mostra que na sua definição essencial os valores possuem SER, mas não existência;

Exemplo de objetos ideias: Objetos lógicos e matemáticos. Pense nos conceitos de figuras geométricas. Conceito de círculo (altamente objetivo, não individual, possui ser, mas não existência)

5.      Agora mostra que os valores assim definidos podem ganhar existência através da ação humana;

A realização dos valores é, como o nome diz, torná-los realidade, fazê-los ganhar existência: O quadro belo pintado pelo artista, a justiça realizada pelo agente moral, a santidade praticada pelo religioso etc..

6.      Enfatiza que os valores são criados pelo espírito humano (atendem a necessidades humanas) e não são propriedades inerentes à natureza, aos objetos;

Embora só ganhem realidade ou existência através do ser, o valor não é uma propriedade intrínseca ao ser, mas um ato humano.

O brilho, a durabilidade e ductibilidade da prata são atributos existenciais deste metal, embora possam tornar-se valor quando usados nas moedas cunhadas, na prataria (utensílios de mesa), nas jóias. Mas isso, mais uma vez dito, depende do uso que dele faz o homem. Prataria, jóias e moedas são objetos sociais.

Entender os valores como propriedade inerentes ao ser pode levar a absurdos que o pensamento contemporâneo rejeita, tais como: Pensar que o ser existe para realizar os fins: Beleza e Bondade. Mas isso é confundir valor e ser, o que contemporaneamente não se faz.

  1. Conclui com 3 argumentos que reforçam a diferença entre existência e valor.
 Argumento 1: Os valores são imutáveis e permanentes, os objetos não.
Argumento 2: Os valores possuem polaridade, o ser não.
Argumento 3: Os valores possuem estrutura hierárquica, admitem graus, o ser não admite.

Para a aula 2 - Observações didáticas

Questões de vocabulário - ONTOLOGIA 
(Parte da Filosofia que se ocupa das categorias do SER em geral)
Οντος (Ontos) = em grego “sendo” (o que é, o SER)
Para nossos propósitos, tomemos como sinônimo de metafísica
No século XVII, o filósofo alemão Jacobus Thomasius considerou que a palavra correta para designar os estudos da metafísica ou Filosofia Primeira seria a palavra ontologia.
A palavra ontologia é composta de duas outras: onto e logia. Onto deriva-se de dois substantivos gregos, ta onta (os bens e as coisas realmente possuídas por alguém) e ta eonta (as coisas realmente existentes). Essas duas palavras, por sua vez, derivam-se do verbo ser, que, em grego, se diz einai. O particípio presente desse verbo se diz on (sendo, ente) e ontos (sendo, entes). Dessa maneira, as palavras onta e eonta (as coisas) e on (ente) levaram a um substantivo: to on, que significa o Ser. O Ser é o que é realmente e se opõe ao que parece ser, à aparência. Assim, ontologia significa: estudo ou conhecimento do Ser, dos entes ou das coisas tais como são em si mesmas, real e verdadeiramente. 
Questões de vocabulário - AXIOLOGIA 
(Parte da Filosofia que se ocupa de estudar os valores)
Αξιος (áxios) = valor
Daí... axiologia = teoria do valor (Filosofia dos Valores)
Como classificamos os valores sobretudo como sendo de 3 espécies: Éticos, estéticos e religiosos (valores relativos à ação humana), então dividimos as disciplinas axiológicas em 3 grandes disciplinas.
1.Ética (pergunta-se: O que é a moralidade?)
2.Estética (pergunta-se: O que é a arte?)
3.Filosofia da Religião (pergunta-se: O que é religião?) 
 ___________________________
Pequenas considerações sobre Ontologia 
(Marilena Chauí - Convite à Filosofia, Unidade 6, cap 1)

Metafísica ou ontologia
A palavra metafísica foi empregada pela primeira vez por Andrônico de Rodes, por volta do ano 50 a.C., quando recolheu e classificou as obras de Aristóteles que, durante muitos séculos, haviam ficado dispersas e perdidas. Com essa palavra – ta meta ta physika -, o organizador dos textos aristotélicos indicava um conjunto de escritos que, em sua classificação, localizavam-se após os tratados sobre a física ou sobre a Natureza, pois a palavra grega meta quer dizer: depois de, após, acima de.
Ta: aqueles; meta: após, depois; ta physika: aqueles da física. Assim, a expressão ta meta ta physika significa literalmente: aqueles [escritos] que estão [catalogados] após os [escritos] da física. Ora, tais escritos haviam recebido uma designação por parte do próprio Aristóteles, quando este definira o assunto de que tratavam: são os escritos da Filosofia Primeira, cujo tema é o estudo do “ser enquanto ser”. Desse modo, o que Aristóteles chamou de Filosofia Primeira passou a ser designado como metafísica.
No século XVII, o filósofo alemão Jacobus Thomasius considerou que a palavra correta para designar os estudos da metafísica ou Filosofia Primeira seria a palavra ontologia.
A palavra ontologia é composta de duas outras: onto e logia. Onto deriva-se de dois substantivos gregos, ta onta (os bens e as coisas realmente possuídas por alguém) e ta eonta (as coisas realmente existentes). Essas duas palavras, por sua vez, derivam-se do verbo ser, que, em grego, se diz einai. O particípio presente desse verbo se diz on (sendo, ente) e ontos (sendo, entes). Dessa maneira, as palavras onta e eonta (as coisas) e on (ente) levaram a um substantivo: to on, que significa o Ser. O Ser é o que é realmente e se opõe ao que parece ser, à aparência. Assim, ontologia significa: estudo ou conhecimento do Ser, dos entes ou das coisas tais como são em si mesmas, real e verdadeiramente.
Por que Thomasius julgou a palavra ontologia mais adequada do que a palavra metafísica? Para responder a essa pergunta devemos retornar ao que escreveu Aristóteles, quando propôs a Filosofia Primeira.
Ao definir a Filosofia Primeira, Aristóteles afirmou que ela estuda o ser das coisas, a ousia. A palavra ousia é o feminino do particípio presente do verbo ser, isto é, do verbo einai. Em português, ousia é traduzido por essência, porque é traduzida da palavra latina essentia.
Em latim o verbo ser se diz esse e a palavra essentia foi inventada pelos filósofos para traduzir ousia. Assim, a Filosofia Primeira é o estudo ou o conhecimento da essência das coisas ou do ser real e verdadeiro das coisas, daquilo que elas são em si mesmas, apesar das aparências que possam ter e das mudanças que possam sofrer.
Thomasius considerou que Aristóteles definira a Filosofia Primeira como o estudo do ser das coisas, como o que há de íntimo, perene e verdadeiro nos entes. Não estuda esta ou aquela coisa, este ou aquele ente, mas busca aquilo que faz de um ente ou de uma coisa, um ser. Busca a essência de um ente ou de uma coisa. Por isso, por ser o estudo da ousia e porque a ousia oferece o ser real e verdadeiro de um ente, oferece o on íntimo e perene, a Filosofia Primeira deveria ser designada com a palavra ontologia. Nesse caso, a palavra metafísica seria apenas a indicação do lugar ocupado nas estantes pelos livros aristotélicos de Filosofia Primeira, localizados depois dos tratados sobre a física ou a Natureza.
A palavra ontologia diria qual é o assunto da Filosofia Primeira, enquanto a palavra metafísica diria apenas qual é o lugar dos livros da Filosofia Primeira no catálogo das obras de Aristóteles.
Por que, então, a tradição filosófica consagrou a palavra metafísica, em lugar de ontologia? Porque Aristóteles, ao definir a Filosofia Primeira, também afirmou que ela estuda os primeiros princípios e as causas primeiras de todos os seres ou de todas as essências, estudo que deve vir antes de todos os outros, porque é a condição de todos eles.
Que quer dizer “vir antes”? Para Aristóteles, significa estar acima dos demais, estar além do que vem depois, ser superior ao que vem depois, ser a condição da existência e do conhecimento do que vem depois. Ora, a palavra meta quer dizer isso mesmo: o que está além de, o que está acima de, o que vem depois, mas no sentido de ser superior ou de ser a condição de alguma coisa. Se assim é, então a palavra metafísica não quer dizer apenas o lugar onde se encontram os escritos posteriores aos tratados de física, não indica um mero lugar num catálogo de obras, mas significa o estudo de alguma coisa que está acima e além das coisas físicas ou naturais e que é a condição da existência e do conhecimento delas.
Por isso, a tradição consagrou a palavra metafísica, mais do que a palavra ontologia. Metafísica, nesse caso, quer dizer: aquilo que é condição e fundamento de tudo o que existe e de tudo o que puder ser conhecido.
Até aqui respondemos à pergunta: Por que metafísica em lugar de ontologia? Mas ainda não respondemos à pergunta principal: Por que a metafísica ou ontologia ocupou o lugar que, no início da Filosofia, era ocupado pela cosmologia ou física? Para isso, precisamos acompanhar os motivos que levaram a uma crise da cosmologia e ao surgimento da ontologia, que receberia o nome de metafísica.
 
 

quinta-feira, 3 de março de 2011

Ser, existência e essência

O ser possui pelo menos duas dimensões ou aspectos: Essência e existência.

Essência pode significar: 1. Fundamento do ser. O que forma o principal fundamento do ser por oposição às modificações acidentais ou superficiais (temporais). 2. Sentido ou significado do ser. Por diferença em relação à existência, é que concerne à natureza de um ser, por oposição ao fato de ser. É o conjunto de determinações (propriedades) que definem um objeto de pensamento. É o aspecto lógico, racional do objeto e assim se diferencia da existência.

Existência pode significar: 1. Realidade (fato de ser). O fato de ser em todos os sentidos em que se emprega a palavra. Neste sentido, se diferencia de essência, pois se refere ao fato (à realização) do ser. A existência é um aspecto distinguível da essência porque se pode pensar o ser pura e simplesmente sem a realidade (sem o fato de ser). 2. Ato de ser. O ser pertence a todas as coisas possíveis e concebíveis (números, quimeras, deuses mitológicos etc.), enquanto a existência, ao contrário, é uma propriedade de certas classes de indivíduos.